Brasil não vende urânio para uso bélico: entenda o que é verdade e o que é desinformação

Brasil é signatário de acordos internacionais que proíbem o uso militar de material nuclear
Circulam nas redes sociais alegações falsas de que o Brasil estaria vendendo urânio para uso militar, inclusive para países como o Irã. Essas informações são incorretas. O Brasil não fornece combustível nuclear para fins bélicos e está legalmente comprometido com o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear.
Brasil e os compromissos com a paz nuclear
O Brasil é signatário de tratados internacionais que proíbem o uso armamentista do urânio. Entre os principais acordos estão:
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)
- Assinado em 1998 pelo Brasil.
- Objetivo: evitar a proliferação de armas nucleares e promover o desarmamento global.
- O TNP proíbe o fornecimento de materiais nucleares para fins militares.
Tratado de Tlatelolco
- Estabelece uma zona livre de armas nucleares na América Latina e no Caribe.
- O Brasil é um dos signatários e compromete-se a:
- Não fabricar
- Não adquirir
- Não armazenar
- Nem utilizar armas nucleares
Sistema de controle rigoroso da atividade nuclear
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
- Responsável pelo controle da atividade nuclear no país.
- Autoriza e fiscaliza todas as etapas da cadeia produtiva do combustível nuclear.
Indústrias Nucleares do Brasil (INB)
- Única empresa autorizada a explorar, processar e comercializar urânio no Brasil.
- É uma estatal vinculada ao Governo Federal.
- Desde a Lei nº 14.514/2022, pode prestar serviços para entidades no Brasil e no exterior, mas sempre sob supervisão e autorização da CNEN.
Monopólio estatal
Segundo a Constituição Federal, é competência exclusiva da União:
- A pesquisa, lavra, enriquecimento e reprocessamento do urânio.
- A industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados.
Cooperação internacional e inspeções frequentes
ABACC (Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares)
- Desde 1991, Brasil e Argentina monitoram reciprocamente suas atividades nucleares.
- Um dos únicos sistemas binacionais de salvaguardas do mundo.
Acordo Quadripartite com a AIEA
- Todas as instalações nucleares brasileiras estão sob inspeção da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e da ABACC.
- Objetivo: garantir o uso exclusivamente pacífico do material nuclear.
Participação no Grupo de Supridores Nucleares (NSG)
O Brasil também faz parte do NSG (Nuclear Suppliers Group), organismo internacional que regula a exportação de tecnologia e materiais sensíveis. Desde 1978, o grupo segue diretrizes que evitam o uso bélico do material nuclear.
Brasil NÃO vendeu urânio ao Irã
A alegação de que o Brasil vendeu urânio ao Irã é completamente falsa. A INB:
- Não possui, nunca possuiu e não pretende possuir relações comerciais com o Irã.
- Toda operação com urânio é pública, rastreável e supervisionada.
Compromissos no G20 com o desarmamento nuclear
Durante a cúpula do G20 realizada no Brasil, os países-membros reafirmaram seu compromisso em:
- Avançar para um mundo livre de armas nucleares.
- Reforçar os compromissos internacionais de não proliferação.
Conclusão: desinformação ameaça a credibilidade e a segurança
O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua postura pacífica e transparente na política nuclear. Toda a estrutura legal, institucional e internacional impede o uso bélico do urânio brasileiro.
A disseminação de informações falsas pode comprometer a imagem internacional do país e gerar instabilidade desnecessária.